No bar do Centro de Formação da GNR, em Portalegre, os guardas provisórios e futuros militares aprendem como é que não se devem fazer as coisas.

Um cidadão normal vai a um café. Consome o que bem entender e no fim pede fatura. Qualquer estabelecimento aberto em Portugal era obrigado por lei a passar faturas. Qualquer… menos na GNR.

A força de segurança que devia manter a legalidade é a mesma que a verifica diariamente e alegadamente nada mais. São oficiais e outros militares da Guarda que, dia após dia, verificam a situação e alegadamente nada fazem. A sopa, a bifana e outras refeições rápidas são o prato do dia, tudo sem informação fiscal adequada.

O Tugaleaks contactou o Gabinete de Imprensa da GNR que, conforme inúmeras vezes tem acontecido, decidiu-se remeter-se ao silêncio.

Mas, ainda com o silêncio de fonte oficial, o Tugaleaks conseguiu obter documentos que comprovam que a concessão do bar é de… de dois valores. Um escrito a computador, e outro à mão, conforme se pode ver:

Neste documento de “fatura”, sem numeração, a GNR cobra a Carvalho Barroso, Unipessoal, Lda. uma concessão de bar no valor de 80EUR. Talvez por não existir uma faturação integrada na Guarda, as contas não bateram certo e a junção do IVA fez com que a fatura fosse emendada à mão.

De acordo com as informações obtidas pelo Tugaleaks este terá sido alegadamente dos últimos pagamentos da concessão do bar de que há registo. Há mais de meio ano.

 

Vários ajustes diretos à empresa pelo país

O nome Carvalho Barroso, Unipessoal, Lda. é na realidade uma empresa com capital social de 5000EUR, gerida por Ediane de Carvalho Barroso, com título de residência e proveniente de país estrangeiro. A empresa está sediada em Santa Iria da Azoia, na Rua dos Vencedores, número 20. Curiosamente, de acordo com os Contratos Públicos no Portal BASE, a morada de residência de Ediane é a mesma da empresa. Uma empresa que possui várias atividades, nomeadamente Exploração de cafetarias, pastelarias, bares e restaurantes; Catering; Construção civil, remodelação, transformação e restauro de edifícios.

Quanto ao bar da GNR em Portalegre, esta é a caixa registadora, aberta e sem sequer estar ligada à eletricidade. 

Associação quer investigação ao caso

César Nogueira, presidente da APG/GNR, a maior associação representativa da GNR, perante a informação enviada pelo Tugaleaks, informou que “a ser verdade, esperamos que se apure tudo, que exista uma fiscalização séria e consequentes punições (criminais no caso da empresa e disciplinares no caso de quem deveria de ter responsabilidade por parte da GNR)”.

“A ser verdade”, continua, “a GNR só tem de imediatamente acabar com o contrato com a empresa e deverá apurar o porquê de até á data não ter efetuado a uma fiscalização aos procedimentos. É impensável e inadmissível que dentro de um quartel da GNR se cometam ilegalidades. Por isso exigimos que se averigue tudo e que existam consequências, caso se apurem ilegalidades, para o bem da boa imagem da Instituição”.

 

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Foto: Arronches em Notícias