Fogo em Tondela: “são os palhaços dos comandantes lisboetas, que de fogo florestal percebem pouco”

Duras críticas à actuação do comando que organiza e indica às viaturas onde devem estar geram polémica e revolta por um bombeiro que esteve 15 horas “sem fazer nada”.

É um desabafo quase “incendiário”, que mostra como a desorganização no combate aos fogos florestais é feita. O Tugaleaks tentou ouvir o os Bombeiros Municipais de Lousã (0606) e a Protecção Civil, mas após contactos e e-mails não prestaram até ao momento qualquer informação.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) foi questionadas sobre a sua organização e sobre a forma ou informação que o comando em Lisboa recebe sobre as estradas e condições do Porto ou de outro local longe, bem como se confirmavam que uma corporação de bombeiros esteve pelo menos 15 horas sem fazer nada. Embora legalmente este organismo público tivesse que responder a estas questões, não se obtiveram respostas nos dois prazos indicados, podendo ainda a mesma chamar posteriormente.

 

Fogo em Tondela: “são os palhaços dos comandantes lisboetas, que de fogo florestal percebem pouco”

 

Em causa, está o fogo em Tondela do fim de semana passado, onde vários bombeiros ficaram feridos sem gravidade e um deles faleceu, onde chegaram a estar mil “soldados da paz”. O relato é simples e, afirma que “os palhaços dos comandantes lisboetas, que de fogo florestal percebem pouco”, são os culpados por haver corporações a combater os fogos horas seguidas e outras sem nada para fazer.

 

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Contava o relato que “anteontem por volta das 20:30 a GRIF de Coimbra, esteve parada toda a GRIF no Alcatrão em Muna, até às 00:00 horas, onde nos disseram que o fogo era para atacar de onde estávamos, na estrada, mas o fogo estava a 2Km“. Depois de não conseguirem atacar o fogo de um local impossível “às 00:00, toda a GRIF foi levada para o parque industrial, onde permanecemos até às 8 e tal 9 horas, em seguida fomos para o Campo de Futebol, onde estive-mos até às 12 horas sem fazer nada“.

Após isso e “várias descargas do Heli Ligeiro e do Pesado, accionaram 2 viaturas ligeiras da GRIF de Coimbra para ir fazer rescaldo, onde os Helis estiveram a descarregar, mas naquele impasse do arranca e não arranca, surge uma comunicação do Posto de Comando, a referir que caso o pessoal das 2 viaturas ligeiras, estivesse cansado, estava a chegar outras viaturas ligeiras ao TO que poderiam ir fazer o serviço”. O bombeiro, que pretende ficar no anonimato quanto ao seu nome e à sua corporação, afirma que “Este reparo foi feito ao fim de estar-mos no TO à 15 horas e 30minutos, sem fazer nada. Terminado o rescaldo pelas 15:30, 16 horas, fomos almoçar e mais tarde seguiu-se a rendição“. Conclui que “ssim foram 24 horas numa GRIF”

 

Uns trabalham muito, outros trabalham nada

O relato conta ainda que existem corporações que trabalham muito e outras que trabalham pouca. Não parece ser uma falta de vontade de trabalhar, mas uma falta de coordenação: “a MAN de Óbidos, posso dizer que esteve a trabalhar e que se juntou a nós
no primeiro ponto de paragem para o jantar, voltou para o trabalho, já estava-mos no 2º ponto de paragem quando ele chegaram para descansar. Quando acordei, eles já lá não estavam, no 3º ponto de paragem, até às 12 horas contei 3 abastecimentos ao carro de Óbidos, quando eu almocei eles comeram ao mesmo tempo, quando chegou a minha rendição eles játinham voltado para o terreno”.

 

 

Legenda das expressões usadas neste artigo:
GRIF – Grupo de Reforço para Incêndios Florestais
TO – Teatro Operações

 

 

ACTUALIZAÇÃO 28-08-2013 19H:50 – o Comando dos Bombeiros do qual faz parte a nossa fonte informou-nos que “À chegada das equipas deste Corpo de Bombeiros que integraram o GRIF de Coimbra ao quartel, não me foi relatada qualquer situação anómala.”Esclarece também que “O GRIF é formado no Distrito e está à ordem do CNOS, sendo que nos TO existe um Comandante das Operações de Socorro (COS) que é quem define a estratégia e tática do combate.

Por último informa, em apoio aos bombeiros de todo o país, que “queria referir expressamente a minha admiração e orgulho pela capacidade de resposta, prontidão e sacrificio de que os Bombeiros da Lousã, do Distrito de Coimbra e de Portugal têm dado provas, não só nesta fase mais mediática, mas durante todo o ano”.