O presumível bombista vai ser confrontado com o antigo assessor militar do Presidente Ramalho Eanes

 

Por: Frederico Duarte Carvalho, jornalista e escritor (blog – facebook)

 
“Que eu saiba, o agora Tenente Coronel Lencastre Bernardo não teve qualquer papel no atentado de Camarate. Mas, terá sido um dos responsáveis pelo encobrimento e a propositada má investigação da PJ”, afirmou ao Tugaleaks o ex-bombista José Esteves, que amanhã, dia 7, pelas 18h30, na AR, vai estar face a face com o militar na AR.

 

Camarate: José Esteves versus Lencastre Bernardo José Esteves (na foto) regressa à AR para ser confrontado com Lencastre Bernardo

 

Ex-director-adjunto da Polícia Judiciária entre 1977 e 1979, o então major Lencastre Bernardo era, na altura de Camarate – 4 de Dezembro de 1980 -, assessor militar do Presidente Ramalho Eanes. José Esteves, quando foi testemunhar à porta fechada na comissão de Camarate, garantiu aos deputados que teve um encontro com Lencastre Bernardo poucas horas após a queda do avião Cessna que causou a morte, entre outros, do primeiro-ministro Sá Carneiro e ministro da Defesa, Amaro da Costa.

José Esteves afirma que conheceu Lencastre Bernardo anos antes de Camarate. Lembra-se dele em várias ocasiões, sendo uma delas referente ao tempo em que esteve detido preventivamente na PJ devido à participação no grupo bombista CODECO – Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental. Por causa desse conhecimento, o presumível autor da bomba de Camarate, assim que soube quem eram as vítimas do atentado, telefonou ao militar com o objectivo de lhe confessar que a sua participação nos planos dos dias anteriores não previam aquele desfecho. O ex-bombista explica que telefonou primeiro para o Palácio de Belém e que Lencastre Bernardo, apesar de já não trabalhar na PJ, pediu que Esteves fosse ter com ele às instalações daquela instituição, na Gomes Freire. Segundo José Esteves, Lencastre Bernardo disse-lhe para estar tranquilo e que nada lhe iria acontecer.

O militar, por sua vez, quando foi testemunhar, garantiu aos deputados que não conhecia José Esteves e negou estes factos. Afirmou que nunca foi a Belém nessa noite e que nunca teve qualquer encontro com José Esteves. Lencastre Bernardo, que viria a ser responsável pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tornou-se militante do PSD pela mão do amigo pessoal, Dias Loureiro. O seu nome surge ainda no caso BPN.

 

 

Conheça aqui a confissão que José Esteves fez há poucas semanas sobre tudo o que presenciou no caso camarate: