Hoje vamos entrevistar o fundador e administrador do wareztuga, o site nacional que mais tem criado “problemas” aos defensores dos cidadãos que foram à net e nunca sacaram uma música ou um filme. Ou seja, pouca gente.

wareztuga

Obrigado por aceitares a entrevista. Para quem ainda não conhece, o que é o wareztuga?

O wareztuga nasceu a 10 de Junho de 2006, tendo sido o primeiro projeto totalmente português a recorrer à partilha de ficheiros através do protocolo HTTP. Numa época em que já era recorrente fazer-se downloads pela internet, o wareztuga foi pioneiro na forma organizada como indexou todo o conteúdo, assim como foi a rampa para que os conhecidos filehosts fossem também uma opção para quem não queria fazer downloads via p2p.
Desde então, tem sido um dos projetos que mais tem lutado contra a censura na internet em Portugal, não temendo qualquer tipo de pressão vinda de órgãos que se acham capazes de limitar conteúdos a todos aqueles que pretendem ter acesso livre à cultura.
Em 2010, o nosso projeto esteve totalmente fechado, tendo sido praticamente público que seria o seu fim. No entanto, em Janeiro de 2011, o wareztuga voltou novamente, com um novo portal/fórum, design altamente melhorado e com uma comunidade extremamente forte. Desta nova união nasceu o wareztuga.tv, o projeto que mais teve em foco no último trimestre de 2011 em Portugal.

 

O vosso fecho em 2010 deveu-se a algo que possas revelar?

A verdade é que fomos vítimas do nosso próprio sucesso. Numa fase em que o wareztuga v1 (assim denominado na altura) crescia a olhos vistos e era a referência máxima no nosso país, decidimos dar um passo maior e desenvolver na totalidade um portal/fórum powered by wareztuga. Neste caso denominado wareztuga v2, que por sinal foi um excelente produto, mas que acabou por pecar nos atrasos que gerou. Apesar disso, foi uma experiência que nos enriqueceu imenso e que nos mostrou que nem sempre o pioneirismo é uma vantagem, pois por mais vontade que haja em produzir algo de elevada qualidade, esta área tem como foco único e natural a partilha de ficheiros. De qualquer das formas, sempre fomos assim, não nos basta ter um fórum tradicional e partilhar conteúdo.
Para nós, tem que haver nível acima de tudo, prova disso é a aparência e organização que todos os nossos projetos apresentam.

 

E o motivo que vos levou a “ir abaixo” temporáriamente, qual foi?

Vários motivos. Tivemos imensos problemas com organizações antipirataria, o wareztuga v2 não correspondia às expectativas e a nossa solução passou por fechar temporariamente o projeto. Inicialmente, seriam só umas semanas, depois apenas uns meses, quando acabou por ser mesmo um ano. Depressa percebemos o vazio que a nossa forte comunidade causava e tivemos que arranjar uma solução viável para que o wareztuga voltasse, quanto mais não fosse para cultivar este forte nome, que tanta história tem para contar.

 

Neste momento existem dois sites. O wareztuga.ws e o wareztuga.tv. Fala-nos um pouco de cada um deles.

O wareztuga.ws é o projeto base do wareztuga, onde se encontra o seu portal de downloads, o fórum e uma comunidade fascinante. Pois existem milhares de portais de downloads, todos eles com as suas qualidades, mas são poucos os que conseguem reunir um grupo de pessoas como o wareztuga. Pois o sucesso do projeto vem, particularmente, do enorme conteúdo que temos disponível, assim como o rigor que diariamente temos na inserção do mesmo. No entanto e apesar desta ser a nossa imagem de marca, a verdadeira essência do wareztuga vem da família que ali se criou e que diariamente passa momentos que provavelmente são difíceis de entender para quem está do lado de fora.
Diariamente, a nossa comunidade torna pessoas mais capazes, mais cultas e mais bem-dispostas no seu dia-a-dia. Já foi capaz de se juntar para que um membro ganhasse um concurso que parecia impossível, já cultivou fortes amizades que serão marcos para a vida e até mesmo casais de namorados. (risos)
O wareztuga.tv não é mais do que a nova coqueluche da internet portuguesa, tendo sido um projeto pensado há já muito tempo mas só em Setembro de 2011 apresentado. Nada mais é que um espaço com filmes e séries, onde rapidamente se consegue ver este mesmo conteúdo sem qualquer tipo de dificuldade ou demora. A usabilidade cativou essencialmente os portugueses, devido ao dinamismo apresentado desde início, assim como a capacidade de diariamente se focar em conteúdo recente e já com legendas em português. Ou seja, o wareztuga.tv nada mais é que uma espécie de “YouTube” com filmes e séries, com a particularidade que já possui legendas em português automaticamente. No fundo, a nossa ideia passou por facilitar o trabalho às pessoas, que habitualmente tinham que ir a um sítio fazer download, a outro procurar as legendas e por fim dar início à sua sessão. No wareztuga.tv bastam dois cliques e tudo isto está em curso. Da simplicidade nasceu um projeto único, mais uma vez totalmente inédito em Portugal (assim como o wareztuga em 2006) e que já conta com mais de 30 mil fãs na rede social Facebook.

 

O vosso site com a popularidade que tem já deve ter incomodado algumas pessoas ou instituições. O que nos podem dizer sobre isso?

Sem dúvida. É uma luta sem fim. Neste momento temos a MAPiNET a fazer queixas um pouco por todo o lado para que o wareztuga.ws seja fechado. É algo que não poderão ganhar, seja em que circunstância for, pois enquanto houver uma equipa como a nossa, dificilmente essa mente capitalista será capaz de silenciar seja quem for, muito menos fazer com que o nosso espaço seja apenas uma lembrança.

 

wareztuga

 

Vocês alojam algum material como filmes e séries nos vossos servidores?

É lógico que não, o wareztuga apenas indica o local onde esse material se encontra, serve como uma espécie de ponte credível. Pois visa facilitar o acesso a esse conteúdo duma forma rápida e altamente fiável.

 

Então… se vocês não alojam nada no vosso servidor, porque é que vos tentam fechar com queixas? Não podem também, por essa lógica, fazer queixa do Google quando linka ao The Pirate Bay?

Certo… No entanto, a MAPiNET é representada por pessoas que não são capazes de realizar um exercício mental tão exigente…

 

Além da MAPINET existe mais alguma empresa, associação ou movimento que vos tenha causado problemas?

Sim, em tempos também a ACAPOR tentou criar fortes laços com o wareztuga, acabando por perceber que não éramos o par perfeito para este tipo de aventuras, assumindo a rejeição e partindo provavelmente para outra.

 

Que tipo de fortes laços? Algo na linha do promoverem videoclubes no vosso site?

Não, quando me refiro a laços, falo naturalmente numa forma de se envolverem connosco mas duma perspetiva negativa. Tentando que o nosso projeto fosse também ele fechado e que a nossa comunidade se tornasse extinta.

 

Tanto no wareztuga.ws e no wareztuga.tv, quais são na tua opinião as melhores diferenças que o site tem em relação a outros sites do género?

Descontando já a enorme comunidade que falamos, penso que o profissionalismo que é adotado desde o primeiro dia nos distancia dos demais projetos sobre o mesmo tema. Apesar de ser um projeto sem qualquer tipo de fim lucrativo ou sem qualquer tipo de exigência visual, a verdade é que sentimos gosto em ter tudo devidamente limpo e organizado, assim como uma estética acima da média.
Chegamos a ser contactados por várias empresas para criar produtos semelhantes no mercado e na indústria digital, pois consideram que a nossa capacidade de trabalho é singular, principalmente numa área em que essa necessidade não é um requisito. No entanto, é acima de tudo uma questão de mentalidade que queremos manter e que está bem presente na cultura de todos que aqui trabalham diariamente.

 

wareztuga

 

Não tem fins lucrativos. Vivem de donativos. Os donativos que recebem chegam para pagar servidores e outros meios essenciais ao vosso trabalho?

Os donativos são recentes no wareztuga, pois durante mais de um ano desde o seu regresso que todas as despesas estavam a ser cobertas pela nossa equipa, incluindo prémios que foram dados aos nossos membros, como foi o caso duma PlayStation 3.
Hoje em dia torna-se extremamente complicado ser mantido única e exclusivamente por nós, pois dadas as queixas que estamos constantemente a enfrentar, obriga-nos a procurar soluções que nos garantam mais segurança e fiabilidade. Como é óbvio, neste mundo, esse tipo de imunidade está cada vez mais cara.

 

O que é que achas que o futuro vos reserva tanto no site, como na cultura e na mentalidade das pessoas em Portugal sobre a temática dos downloads?

Para que todos consigam fazer download daquilo que tanto gostam, as pessoas têm primeiramente que entender que são necessários imensos grupos voluntários que por vezes se arriscam pela liberdade de todos os outros. Será sempre assim, mas penso que todos podem dar o seu contributo sem que tenham que estar diretamente ligados a este tipo de atividades. O que nos querem obrigar a fazer, ou neste caso, não fazer, vai muito além dos downloads que efectuamos, trata-se acima de tudo duma questão ética e humana que em sociedade devia ser claramente reprovável. O que acaba por manchar quem nisto está pelo espírito de partilha, são as inúmeras pessoas que lucram de forma vergonhosa com a pirataria, acabando por prejudicar todas as outras que apenas vêem brilhantismo na partilha dum filme épico ou duma música inesquecível. Estes parasitas, devem ser os principais alvos de quem tanto quer proibir a partilha de ficheiros, não nós, que temos provas dadas de que o nosso propósito é o acesso livre à cultura. Pois quem realmente faz download de algo para consumo próprio, é porque vê valor nesse produto, logo deveria ser um motivo de orgulho para quem o concebeu e realizou.

 

Por último a quem vos segue ou a quem vos conheceu agora, queres deixar alguma mensagem?

Posso dizer que tenho um orgulho enorme na nossa comunidade, pela forma heroica como juntos fomos capazes de tornar este projeto numa referência nacional, não pela fama alcançada, mas pela capacidade de lutar contra as adversidades, de nunca vergar perante os que nos querem censurar e acima de tudo, pelo profissionalismo demonstrado desde 2006.
Hoje somos um ícone de organização, trabalho e competência, onde já ninguém coloca sequer em causa a nossa honestidade, pois a postura digna e transparente que conquistamos ao longo dos anos permitiu-nos hoje ter uma presença credível no nosso país e honrada perante todos.

 

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