Na nossa contínua recolha de testemunhos, temos a Worten que segundo denúncias tem ameaçado e forçado ilegalidades aos trabalhadores. Colocamos hoje o dedo na ferida.

O Tugaleaks tem vindo nas últimas semanas a denunciar situações de precariedade e ilegalidades laborais. A última situação foi a Staples, mas parece que se passa o mesmo na Worten.

Assim, depois da Worten ser contactada e não ter respondido aos nossos e-mails para refutar estas acusações, passamos a informar as condições em que alguns trabalhadores Worten trabalham:

 

Worten: ilegalidades laborais, ameaças e pressões para a venda de produtos “extra”Imagem: LowcostPortugal

 

Venda de serviços “extra”

Sempre que se compra algum equipamento informático, é proposto sempre um serviço “extra” de seguro. Muitas das vezes estes seguros são vendidos como “garantia extra que a garantia do telefone não cobre” contra danos ou perda. Como se pode ver online neste e neste site, entre muitos outros, o seguro não cobre aquilo que é prometido.
Isto porque a venda deste seguro é que torna o produto “rentável”, pois apenas um computador ou telemóvel não dá uma margem de lucro esperada. Os vendedores são por isso pressionados e fazer este tipo de vendas agressivas do seguro. Inevitavelmente, alguns acabam por mentir. Isto ou ficar sem emprego, porque quem vende pouco é automaticamente mal visto pela chefia. O seguro é uma parceria com uma empresa de crédito conhecida.

Ranking de vendas cria mau ambiente

Todos os meses são apresentados, e em algumas lojas até expostos, ranking de venda não só de produtos como de serviços extra como o seguro. Nesse ranking e nas reuniões ou conversas tidas com a chefia, os vendedores são pressionados a continuarem estas vendas. Estar no fim do ranking significa férias “ilegais” e stress psicológicos como se poderá comprovar mais à frente neste artigo.

 

Alterações com “falso” pedido do colaborador

As alterações de folga e horário têm que ser comunicadas com sete dias de antecedência, ou seja “ser afixada na empresa com antecedência de sete dias relativamente ao início da sua aplicação” conforme consta no artigo 217º, número 2, do Código do Trabalho. Tal não acontece, pois existem alterações feitas de um dia para o outro. Quando tal acontece, é preenchido uma folha onde o colaborador é “obrigado” a assinar que foi ele que pediu a troca, quando tal não corresponde à verdade. Desafiar aquele documento ou indagar o motivo de tal situação pode ser sinal de não renovação de contrato.

 

Estatuto de trabalhador-estudante

Tal estatuto, previsto na lei, é “incompatível” com funcionários Worten. O Tugaleaks questionou a empresa sobre quantos trabalhadores têm com este estatuto. A falta de resposta não constitui por si uma informação de não terem nenhum, mas segundo as nossas fontes esta situação constitui também um término de contrato ou a recusa deste estatuto.

 

Worten: ilegalidades laborais, ameaças e pressões para a venda de produtos “extra”

 

Trabalhador “multiusos”

Um trabalhador da informática pode vir a vender ferros de engomar. Um trabalhador da área de CDs pode vir a vender electrodomésticos. Esta é a nova política da empresa, que para reduzir custos pretende fazer com que um trabalhador consiga estar em várias áreas da loja mesmo que não perceba nada do assunto. Quem não se mostra interessado em vender ferros quando apenas percebe de telemóveis e informática, é visto como um trabalhador pouco interessado. Por vezes existe formação, nas é mínima.

 

Trabalhador doente? Que “aguente”!

Uma das nossas denúncias recebidas dizia respeito aos trabalhadores doentes. Se estão doentes dentro da empresa as chefias tentam que o trabalhador não saia antes da sua hora de saída. E sempre que um trabalhador se encontra doente várias vezes ou durante um longo período, é convidado a sair (no caso dos poucos efectivos) ou sujeito a uma não renovação do contrato.

 

O Dia do Trabalhador

É já no próximo mês. No ano passado assistimos ao Pingo Doce estar aberto neste dia com descontos. O mesmo acontece, há vários anos, na loja Worten do Vasco da Gama, onde há 3 anos foi prometido aos trabalhadores que a loja estava aberta “apenas naquele ano” e que desde então se encontra aberta a dia 1 de Maio. Basta esperarmos algumas semanas e ver como acontece este ano.

 

Para a Worten, segundo as fontes, os trabalhadores são números e não pessoas.

O Tugaleaks continua a receber denúncias através da nossa página de contacto, que serão tratadas e publicadas sempre que tal se justifique. Não vamos deixar que a classe trabalhadora deste país se sinta numa era de escravatura moderna.

Por último, relembramos que a Worten pertence ao grupo Sonae.